sábado, 8 de janeiro de 2011

Você sabe o que é um Fashionary?


Os estudantes e profissionais da área da Moda não podem deixar de conhecer o Fashionary, uma espécie de caderno de rascunho (sketchbook) que reúne diversas informações sobre moda, tabela de medidas, gabarito de círculos e muito mais. O Fashionary tem 164 páginas, com índex com 1,2 mil marcas, templates para figurinos, além de já vir com desenho pontilhado do manequim, só esperando receber o croqui.
Além disso, é um ótimo guia sobre tecidos e traz uma excelente lista de livros. É uma ótima aquisição para quem vive no mundo da moda e que não tem tempo a perder. Muitas pessoas comparam o Fashionary ao Moleskine, um caderninho de notas italianos produzido pela empresa Moleskine SRL.
Os cadernos de notas da Moleskines possuem diversos modelos, sendo que a empresa sempre faz novos lançamentos da vesão básica, ótimo para os storyboards e para repórters.  Os modelos de Moleskines podem ser conferidos no site: www.moleskine.com. Já no site oficial do Fashionary: www.fashionary.org, você pode baixar templates e saber tudo sobre o produto.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011 e os desejos


“Sonho que se sonha só é sonho. Sonho que se sonha junto é realidade”. Dom Helder Câmara
As festas de ano novo dobrando a esquina. Queima de fogos, lista de intenções.
Falando em intenções, quero então fazer uma lista de desejos para o ano que se aprochega. E ao contrário do que se acredita, desejos a gente revela, sim, para que os outros desejem conosco olhando para a mesma estrela. Assim podemos dar vida às palavras de Dom Helder, aí em cima na epígrafe.
Então, que em 2011 a meta primeira de todas as pessoas seja atingida. Ticar mais um xiszinho nas tarefas a realizar na vida é sempre gratificante. Muitas vezes, dessa meta dependem outras metas, metas-corolárias – corolária é uma palavra difícil, mas linda.
Que em 2011 as pessoas amem mais e sofram menos por causa de outras. Que entendam que há sempre um caminho para felicidade, mesmo que o que as leve para lá não seja aquele trajeto tão cuidadosamente planejado. Que descubram, no novo e por vezes improvisado caminho, o riacho límpido que perderiam se não houvesse o desvio feito a contragosto. E que não destruam o caminho caminhado, pois foi ele que lhes trouxe até aqui.
Que em 2011 possamos dar continuidade ao trabalho que estamos desenvolvendo no nosso espaço profissional. Há uma sede desértica e uma fome de mudança africana por mudanças qualitativas na sociedade. Que possamos nos regozijar com uma esperada justiça social – regozijar também é uma palavra linda.
Que em 2011 quem se perdeu se ache. Quem se achar, se curta. Quem se curtir, que sonhe. Que use como barômetro da vida não as pequeninas coisas do dia-a-dia, as más e mesquinhas, mas as pequeninas coisas do dia-a-dia, as boas e agradáveis. Que, assim, nosso bem-querer e nossa disposição em viver nossa vida, única e nossa, beijem a boca e despertem do sono a Pollyana bela e adormecida que existe em cada um de nós. Robertocarlianamente, é preciso saber viver. Sonhar não custa nada, frase trivial e tão verdadeira. É da trivialidade que surgem os geniaisinsights. Devemos olhar com cuidado o comum que nos cerca, pois ele guarda surpresas inimagináveis e mudanças de vida impensáveis.
Que em 2011 as inevitáveis lágrimas que rolarem em nossas faces sirvam para enxágue da alma. Que sirvam para limpar os olhos dos travos de amargura que porventura tenham tocado a boca de nosso espírito. Que as lágrimas vertidas sirvam para regar o verde do jardim de nossa alma, por vezes cinzentas. A dor é o maior aprendizado do ser humano. Sempre haverá algo a doer. Quanto mais cedo reagimos e aprendemos a domesticá-la, mais cedo creio que seremos mais serenos e lépidos diante das drummondianas pedras no meio do caminho.
Que em 2011 novas pessoas especiais surjam em nossas vidas. A cada ano, acredito, um bom punhado delas é colocado a dedo no traçado de nossa existência com alguma missão que só muito mais tarde descobriremos. Ou não. Pessoas que simples e profundamente nos fazem bem. Pessoas cujo simples cruzar de olhar já dá um tom especial à melodia do nosso dia até então desafinado. Pessoas que fazem o coração jovializar surpreso e agradado ao vê-las inesperadamente e que levam esse mesmo coração a esperar ansioso pelo próximo encontro. Pessoas que atrasam nossas programações mais mundanas por conta de suas inestimáveis companhias, quase divinas. Pessoas especiais a quem nossa linguagem chama autonomamente de amigas, independente do tempo de convívio. Pessoas como essa em quem você está pensando agora.
Que em 2011 as velhas mágoas se aposentem e vão curtir a vida em qualquer outro lugar. Que abram vaga nova no coração, onde nunca deveriam ter ocupado assento. Que em seus lugares, alegrias joviais e cheias de gás, recém-nascidas ou formadas, assumam e sintam o prazer em servir doses sem medida de paciência, tolerância e carinho em relação aos que nos circundam.
Que em 2011 aquele velho amigo que se pôs distante ponha-se achegado. Que as gargalhadas e risadagens compartilhadas e registradas no amarelado álbum do tempo, e suspensas pelos rumos da vida, retomem seu viço e seu som estridente de então, quando lágrimas corriam soltas lavando a alma de felicidade. Uma amizade resgatada é como uma nota de cem achada no bolso daquela bermuda que há muito a gente não usa: alegra e permite a retomada de planos. E que também aquele amigo que se porá distante no ano que entra não se desachegue. Que vá, mas fique, deixando sua presença fraterna no lugar de sua presença física. Deixando seu cheiro em nossa alma para a lembrança eterna.
Que em 2011 aquele velho projeto secreto tenha sua vez. Ele sempre esperou quietinho por ela. Chegou a hora. Desengavete-o!
Que em 2011 seja o Ano Internacional do Reencontro. Reencontro consigo, com seus amigos, com sua família. Reencontro com aqueles de quem nos desencontramos por causa da teia dos acontecimentos cotidianos. Reencontro com aqueles de quem nos perdemos no tumulto da multidão dos fatos. Reencontro com nossos valores mais pueris de solidariedade, afetividade e humildade. Reencontro com Deus, grande maestro do show da vida e de vida que nos cerca.
Que 2011 seja o ano da virada. Seja lá qual for essa virada. Desde que seja para melhor. Que seja o ano do recomeço, seja lá o que for que precise ser recomeçado. Rupturas virão, ao certo, mas novos laços imediatamente surgirão para não deixar o entremeado tecido da vida roto e maltrapilho. A roupa que veste a vida espelha a aura que reveste a alma. E vice-versa.
Que 2011 seja o ano da coragem. Da coragem de rever autocriticamente nossas pisadas de bola e nossas mancadas, sem punições ou autoflagelos. Quem não dá testadas nessa vida de quando em vez? Que sejam momentos de introspecção positiva. Momentos de rever nossos planos, conceitos e preconceitos daninhos. Coragem para, tudo revisto, assumir posturas claras. Coragem para não esquecer que ninguém é eterno e que a vida é efêmera como uma florzinha no campo. Exatamente por isso não vale a pena ficar ruminando em cima daquela questiúncula miudinha e pequena. Coragem para dizer diretamente o que tem a ser dito, mas de forma tranquila, serena e verdadeira, como só os corajosos sabem fazer. Os fracos de alma sentem a necessidade de dizer por terceiros, de mandar recados. Aliás, não é necessidade: é falta de opção. É a única forma que sabem fazê-lo. Então, que aprendam outras formas em 2011.
Que em 2011 aquele dia anual de cabeça quente sirva para aquecer o coração. Explodir para quê? Que o calor da cabeça gere energia termoelétrica para processar as perguntas sem respostas, refletir a vida, refletir as tomadas de rumos, refletir os novos momentos e sua significação. Refletir a reflexão. Dormir antes de decidir.
Que 2011 seja um ano de tolerância. Que se perceba que as pessoas são diferentes e que nessa diferença reside a beleza de uma relação. Mapear o amor que sentimos e que funda nossa relação com os outros é uma das tarefas mais primordiais e gostosas de qualquer relação. É bom demais construir nossa história, riscar nossos corações nas árvores dos fatos, nas calçadas da mente. E lembrar, sem dramas, que cada um às vezes precisa de um minuto sozinho no seu cantinho. Não é nem preciso verbalizar essa necessidade para o outro. O amor proficiente no amor aprende a ler silêncios, textualizar olhares, significar sorrisos e gestos. Enfim, compreende a necessidade de transcender as palavras enunciadas. O não-dito grita o que as palavras calam.
Que em 2011 aquele velho conselho de Victor Hugo prevaleça: tenha dinheiro, mas não esqueça quem manda em quem. Dinheiro é conseqüência e não meta. Pense nisso, mas não se desvalorize enquanto profissional. A felicidade no trabalho é elemento importante para o equilíbrio da felicidade global, mesmo que por vezes ela pareça encurralada por desânimos e sensações de imobilidade. Os ritmos das pessoas para a cadência da vida são diferentes: alguns sambam, outros valsam. Alguns dão uma fugidinha com o Telon, outros viajam na mais deliciosa MPB de Bruna Caram. Ninguém muda tudo, mas alguma coisa se muda. Concentre-se nesse alguma coisa e toque a canoa que o chibé lhe espera.
Que em 2011 as pessoas façam algo que nunca fizeram. Ou porque não gostam ou porque não tiveram chance. Que descubram nessas coisas diferentes um prazer diferente. Que tomem Guaraná Baré, comam tucumã no pão, bife com ketchup. Que criem coragem para provar Yaksoba e beringela. Que assistam filmes do Almodóvar , experimentem uma bala de araçá-boi. Que se desapoquentem ouvindo Jorge Aragão ou Carpenters. Que assistam ao Domingão do Faustão e se deliciem com aquelas velhas videocassetadas de dez anos atrás. Que tome um delicioso banho de chuva a dois ao som de “Que maravilha”, cantada pelo Toquinho. Que leia um livro à cama, trocando calorzinho pelos pés que se chamegam por baixo do edredom. Que comam o doce abio e riam juntos do beijo de boca grudenta que a fruta proporciona. Que riam dos outros e, acima de tudo, riam de si. Aprender a ri de si é fundamental.
Que em 2011 a saudade venha e venha forte. Só sente saudade quem viveu intensamente. Que haja vida intensa no ano que rebenta. Que essa intensidade não signifique assoberbamento, mas compactação, viçosidade e viscosidade ao vinho da celebração aos fatos. Que brindemos à vida sem ficar de porre, mas apenas levemente felizes.
Que 2011, enfim, seja seu ano. Ao desejar um 2011 maravilhoso, peço a você que me lê para não esquecer algo fundamental: de bater um papo com Deus nas suas mais diversas formas. Sempre faz bem.
Meu último mas nem por isso menos importante desejo é o de que em 2012 minha lista de desejos tenha apenas uma frase: um ano igual a 2011: feliz. Aliás, feliz é uma palavra muito linda.


Por:Sérgio Freire

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A verdadeira Edna



Desde Toy Story (1995) até Wall-E(2008) os filmes da Pixar sempre nos encantaram por tramas bem humoradas e cheias de referências. Dentre várias destas animações quero citar uma personagem em especial. Quem não se lembra em Os Incríveis(2004) da pequena estilista que desenhava as roupas dos super heróis, ou em suas próprias palavras “Criava para Deuses!”? Falo de Edna Mode (em português Edna Moda), uma das co-adjuvantes que certamente roubou a cena por seu sarcasmo pontual e seu comportamento peculiar.
Mas porque falo dela? Porque esta personagem foi baseada em uma famosa figurinista dos anos dourados de Hollywood, Edith Head, que começou como assistente nos anos 20 até se tornar a estilista número um dos grandes diretores e estrelas, trabalhando em mais de 400 filmes, recebendo mais de 30 indicações ao Oscar e ganhando o prêmio 8 vezes, sendo a mulher que mais faturou a estatueta dourada da Academia em todos os tempos.
Nascida em 28 de Outubro de 1897 no estado norte-americano de Nevada, Edith se mudou ainda jovem para a Califórnia para estudar francês na Universidade de Berkeley. Mas seu interesse pela França transpassava o idioma, atingindo em cheio a moda e o estilismo, especialmente aquele criado pela francesa Coco Chanel, grande inspiração para que Edith começasse a rabiscar seus primeiros modelos ainda muito rudimentares. Para melhorar o que desenhava se matriculou em uma escola de artes californiana e logo conseguiu um emprego no famoso estúdio da Paramount Pictures, onde trabalhou por mais de 40 anos.
Pelas mãos de Edith Head passaram as roupas de grandes obras dos maiores diretores do Cinema Hollywoodiano, cabendo citar Crepúsculo dos Deuses(1950) de Billy Wilder, O Maior Espetáculo da Terra (1952) de Cecil B. de Mille e Um Corpo de Cai (1958) de Alfred Hitchcock. As grandes estrelas e celebridades do cinema clássico também faziam questão de serem vestidas por Edith nos filmes. Desta forma grandes deusas comoGinger RogersBette Davis, Elizabeth Taylor, Grace Kelly, Sophia Loren,Katherine HepburnRita Hayworth eShirley Maclaine foram trajadas pela grande figurinista nos mais diversos longas.
Mas foi o guarda-roupa de um filme em especial que permanece até hoje como referência em moda e elegância para nós mulheres. Falo das roupas usadas por Holly Golightly, personagem de Audrey Hepburnem Bonequinha de Luxo (1961). Juntamente com os estilistas franceses Hubert de Givenchy e Pauline Trigere, Edith Head supervisionou todo o figurino deste longa que possui roupas muito usadas até hoje, como o vestido no estilo “pretinho básico” com longo colar de pérolas brancas.
Seu último grande trabalho foi em Golpe de Mestre (1973) que deu a Edith seu oitavo e último Oscar por recriar com perfeição o figurino usado pelos gângsteres da década de 30 interpretados por Paul Newman e Robert Redford. A figurinista veio a falecer em 24 de Outubro de 1981, 4 dias antes de seu 84° aniversário. Porém sua estrela pode ser vista no número 6504 da Hollywood Boulevard, também conhecida como Calçada da Fama, ou em uma locadora perto de você.